Encanto do Pina 37 anos de Resistência!

Fundado em 03 de Março de 1980, pela Yalorixá Maria José da Silva conhecida como Mãe Maria de Sônia, Filha de Santo do Babalorixá Eudes Chagas o Rei da Nação do Maracatu Porto Rico.

O Encanto do Pina é atualmente uma das mais importantes nações de maracatu de baque virado de Pernambuco tem a primeira Mestra de maracatu Nação daquele estado Mestra Joana Cavalcanti que além de lutar pela igualdade dos gêneros é a Yakekerê do Ylé de Oxum Deym, terreiro de mãe Maria da Quixadá, líder espiritual da Nação e onde se encontra a sua Sede.

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Campeãs 2017!

Nós que fazemos o Maracatu.org.br  parabenizamos Todas as nações pelo grandioso carnaval de resistência e amor a sua ancestralidade. Em especial a nação do Maracatu Porto Rico pelo bicampeonato e a Nação Cambinda Estrela do Bairro de Chão de Estrelas pelo campeonato do grupo 1 e seu retorno ao Grupo Especial!
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Mestra Joana Cavalcante em vivência pelo Brasil!

Joana D’arc da Silva Cavalcante – Mestra Joana, Yakekeré Mãe Joana da Oxum – é uma das artistas populares pernambucanas de grande projeção no cenário do país. É a única mulher, até nossos dias, a coordenar e apitar o batuque de um maracatu de baque virado, Nação Encanto do Pina, além de liderar dois outros grupos: Baque Mulher e Mazuca da Quixaba. É também coordenadora e coreógrafa do naipe dos Agbês da Nação do Maracatu Porto Rico.
Como professora de maracatu – batuque e dança – tem viajado desde 2008 para o nordeste, sul e sudoeste do Brasil divulgando seus conhecimentos e formando novos batuqueiros.

https://www.youtube.com/watch?v=ITU6IkwFcN0

Entre os meses de maio e agosto Mestra Joana estará em vivência entre o Sul e Sudeste do país, visitando vários grupos.

Agenda Mestra Joana

Nos dias 11 e 12 de junho acontece o II Intensivão de Agbês com a Mestra e mais duas batuqueiras das duas Nações – Ju Viana do grupo Maracatucá de Campinas/SP e Roberta Marangoni do grupo Maracatu Ouro do Congo de São Paulo/SP.

Intensivão de Agbês

Grupos do interior de São Paulo recebem Mestre Gilmar

O Grupo de Maracatu Baque de Santa receberá, no dia 01/06 (quarta-feira) das 18h às 22h, o Mestre Gilmar Santana da Nação do Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu para oficina de Baque Virado com sotaque desta Nação que é uma das mais antigas em atividade, é patrimônio vivo de Pernambuco.

No dia 31 de Maio ele estará em oficina em Jacareí/SP com o Grupo de Percussão Batucaia. Saiba mais informações na página do Evento no Facebook!

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O Maracatu Nação Estrela Brilhante de Igarassu, com fundação em 1824, tem sede no município de Igarassu, PE. A rainha desta Nação se chama Dona Olga, matriarca da Nação, que veio a falecer no ano de 2013.
Mestre Gilmar é filho de Dona Olga e um dos encarregados a substitui-la. Com 5 anos de idade Gilmar já brincava o Maracatu, com 16 anos tornou-se Mestre da Nação Estrela Brilhante de Igarassu, e ainda puxa o tão famoso Côco de Roda de Igarassu que só pode ser escutado lá.

http://www.youtube.com/watch?v=Xnh7n44_PlI

Fonte: Páginas dos grupos no Facebook.

II Encontro Navegante de Maracatu – Gèlèdé

No dia 28 de maio (sábado), no Memorial da Classe Operária – UGT, acontecerá a NOITE CULTURAL do II Encontro Navegante de Maracatu – Gèlèdé. O evento contará com a participação de Robsom Selectah e das bandas Bambáfrika e Leser Mc, Cataia (Sorocaba/SP), Bat Macumba Samba Reggae e Maracatu Baque Mulher (Recife/PE).

Veja só um teaser de como foi o primeiro encontro em 2015, registrado pelo pessoal do no Baque do Maracatu.

Os ingressos para o evento podem ser trocados por 1kg de alimento não perecível com integrantes do Maracatu Navegante ou em um dos pontos de troca: Memorial da Classe Operária – UGT (Rua José Bonifácio, 59 – Centro),Casa das Artes (Rua Espírito Santo, 110 – Sumarezinho) e Coletivo Fuligem(Travessa Tuiuti, 55 – Jd. República). Os alimentos serão doados à CrecheSonho Real Ribeirão Preto.

NÃO HAVERÁ VENDA OU TROCA DE INGRESSOS NA PORTARIA!

Informações: (16) 99175-1001| (16) 98214-7924 ou Facebook do Maracatu Navegante.

Grupo Maracaatômico promove a 2ª Festa para Ogum

Com proporção maior que a primeira, a 2ª Festa para Ogum acontecerá neste sábado, 23 de abril – dia de comemoração ao santo sincretizado São Jorge. O grupo percussivo Maracaatômico vai promover uma grande celebração de fé em homenagem ao seu patrono a partir das 18h na Rua da Guia, no Bairro do Recife. A entrada é gratuita e terá a participação de atrações como o Nação do Maracatu Porto Rico e o Grupo Bongar.

A proposta da festa, segundo Rodrigo Fernandes (um dos diretores do grupo) , é fazer também com que os simpatizantes da cultura afro tenham um dia pra valorizar suas tradições. E pontuou: “Toda a festa foi feita através de parcerias e doações. Nosso objetivo é também combater a intolerância religiosa, o preconceito e a discriminação”.

O evento será celebrado por babalorixás convidados, e terá apresentações de grupos de cultura popular. Entre elas estão Mestra Ana Lúcia e Raízes do Coco, Afoxé Povo de Ogunté, Sítio de Pai Adão, Afoxé Oya Tokolê, Trinkda, Nação do Maracatu Porto Rico, Maracaatômico e, por fim, o Grupo Bongar.

Maracaatômico Convida

Fonte: Portal Cultura.PE

Patrimônios Culturais Imateriais do Brasil: Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto e o Cavalo Marinho.

O Maracatu Nação, Maracatu Baque Solto e Cavalo Marinho – expressões culturais e musicais repletas de simbologia – foram tombados como Patrimônio Imaterial do Brasil. A decisão foi tomada por unanimidade durante reunião do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, do IPHAN, no dia 03/12/2014 em Brasília (DF).

Quem comemorou o título dado aos maracatus e cavalo marinho foi Fábio Sotero, presidente da Associação dos Maracatus Nação de Pernambuco e que acompanhou desde o início o processo de construção da candidatura ao título de Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. “Participei da equipe que fez o Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), e foi um processo de muito envolvimento e fortalecimento dos Maracatus Nação. Este é um passo importante, porque somos uma das manifestações culturais mais antigas deste estado”, explica Fábio Sotero.

Segundo ele, existem cerca de vinte e cinco grupos de Maracatu Nação em Pernambuco e deste total, entre dez a quinze estão ativos. “Esta titulação com certeza nos trará mais respeito e vai fortalecer principalmente os maracatus menos conhecidos”, reforça Fábio.

Maracatu Nação

Também conhecido como Maracatu de Baque Virado, apresenta conjunto musical percussivo e um cortejo real que sai as ruas durante o carnaval. No cortejo, há rei, rainha e outros personagens como baianas e orixás. Esse maracatu é entendido como forma de expressão que congrega relações comunitárias, compartilhamento de práticas, memória e fortes vínculos com o sagrado.

Maracatu Baque Solto

Ocorre durante as comemorações do Carnaval e da Páscoa. Compõe-se de dança, música e poesia e está associado ao ciclo canavieiro da Zona da Mata. As apresentações ocorrem na Região Metropolitana do Recife e outras localidades. Os mais antigos maracatus têm sua origem em engenhos por trabalhadores rurais, trabalhadores do canavial, cortadores de cana-de-açúcar, entre fins do século XIX e início do XX.
Diferente do Maracatu Nação, o Maracatu Baque Solto é um resultado da fusão de manifestações populares, como Cambindas, Bumba-meu-boi, Cavalo Marinho e Coroação dos Reis Negros.

Cavalo Marinho

É uma brincadeira popular que envolve performances dramáticas, musicais e coreográficas durante o ciclo natalino. Quem participa, em geral, são os trabalhadores da Zona da Mata, mas também há apresentações na região metropolitana do Recife e de João Pessoa (PB), entre outras localidades.
No passado, tinha lugar nos engenhos de cana-de-açúcar. Durante a apresentação, representam-se cenas do cotidiano e do mundo do trabalho rural, com variado repertório musical, poesia, rituais, danças, linguagem corporal, personagens mascarados e bichos, como o boi e o cavalo (que dá nome à brincadeira).

Fontes: Ministério da Cultura e Portal Cultura.PE

Maracatu Sem Fronteiras

O projeto Encontros é formado por pessoas que compartilham algo em comum: a paixão pelo maracatu. Este gênero percussivo, originário de Pernambuco, está espalhado pelo mundo e promove a união entre pessoas sem distinção. É a partir desta reflexão que nasce o projeto, com o desejo de integrar e agregar à todos aqueles que se motivam e reproduzem esta arte por todos os horizontes. EncontroS, assim mesmo: no plural, unirá indivíduos que se conectam através dessa manifestação cultural.

Foram 3 dias com apresentações, oficinas e confraternização, os dias 2, 3 e 4 de novembro de 2012, contando com a participação de Mestres e referências dos diversos aspectos dessa cultura.

Se trata de uma iniciativa independente e que busca a coletividade sem fronteiras! Não há nenhuma forma de patrocínio, portanto estamos unindo muita iniciativa e cooperativismo para atingir a plenitude dessa proposta.

Esse projeto parte de uma iniciativa autonoma e coletiva caixa zero, portanto para sua realização, contamos com o envolvimento dos apaixonados pelo Maracatu.

Saiba mais acessando encontros.maracatu.org.br 

Lançamento do DVD Maracatu Nação

Opa! No dia 26 de Fevereiro de 2011 as 19:30 será o lançamento do DVD Maracatu Nação, publicação organizada por Climério de Oliveira Santos e Tarcísio Soares Resende, também autores do Batuque Book. Na programação estão apresentações dos Maracatus Nação Porto Rico, Nação Encanto da Alegria e Nação Leão Coroado.

Sobre o DVD:

Com legendas em ingles,frances e espanhol,este DVD focaliza os tradicionais maracatus de baque virado Leão Coroado,Porto Rico e Encanto da Alegria;é constituído de:um documentário-Que baque é esse?[54′];quatro workshops[54′]-sendo tres aulas de batuque com mestres dos maracatus tradicionais e uma sobre confecção de alfaia(tambor);um curta:Grupos de Percursão[4′]documentário sobre a expansão do maracatu pelo mundo;oferece ainda um rico encarte(30 páginas em cores,bilíngue) e partituras para download.

Outras notícias sobre o DVD Maracatu Nação.

Lista de Inscritos – Sejam bem vindos!

O Maracatu.org.br nasceu no ano de 2009 com o objetivo de criar na internet um espaço de referência sobre a cultura do Maracatu de Baque Virado. Partindo da premissa de que tal espaço só faria sentido se fosse construído pelos próprios brincantes desta cultura o projeto foi estruturado da seguinte maneira: Nações e Grupos de Maracatu de Baque Virado podem receber endereços de internet como suanacao.maracatu.org.br ou seugrupo.maracatu.org.br e participar de oficinas sobre como administrar seus sites e publicar seus conteúdos. Além disso os sites ficam interligados por meio de uma página que organiza as ultimas notícias e os últimos comentários publicados em todos os sites. Simples assim!
Em 2009, 5 grupos do Estado de São Paulo (com o patrocínio do Programa VAI), deram início ao portal que já conta com mais de 35 mil acessos. No ano de 2010 o Maracatu.org.br abriu novas inscrições para Nações e Grupos de Maracatu participarem do portal e entre os meses de Maio e Junho, 18 Grupos de Maracatu e uma Nação se inscreveram. Na lista estão 8 grupos do Estado de São Paulo, 2 grupos do Estado do Rio de Janeiro e 2 grupos de Pernambuco, além de um grupo por estado nos estados do Paraná, Santa Catarina, Minas Gerais e Alagoas. Completando nossa lista 2 grupos de fora do país, um de Barcelona – Espanha e outro de Toronto – Canada e a Nação do Maracatu Porto Rico, primeira entre as Nações de Maracatu a integrar o portal.

Agora é trabalhar! Dos grupos de São Paulo 5 foram selecionados para receber oficinas presencias (patrocínio do PROAC), os demais receberão suporte remoto (por skype, email, telefone, video-tutorias e afins) e aos poucos continuaremos a construção desta rede. Em alguns dias todos os novos participantes vão receber por email o kit de inscrição completo, instruções detahadas sobre o projeto e um telefonema de um dos integrantes da equipe para batermos um papo!

Abaixo esta a lista de inscritos, sejam todos bem vindos!

Inscritos:

Grupo de Estudo do Baque Virado (GEBAv) – Rio de Janeiro – Rio de Janeiro

Grupo Capivara – Blumenau – Santa Catarina

Grupo Maracatuca – Campinas – São Paulo

Maracatu Mandacaru – Barcelona – Espanha

Pernambucar-te – Recife – Pernambuco

Maracatu Cruzeiro do Sul – Rio Claro – São Paulo

Grupo Maracatu Palmeira Imperial – Paraty – Rio de janeiro

Mucambos de Raiz Nagô – São Paulo – São Paulo

Porto Maracatu de Piracicaba – Piracicaba – São Paulo

Grupo Maracatu Porto Primavera – Rosana – SP

Coletivo AfroCaeté – Maceió – Alagoas

Baque de Bamba – Ontario, Toronto – Canadá

Maracatu Leão da Vila – Sorocaba – São Paulo

Mucambo – São João Del Rei – Minas Gerais

Grupo Cultural Baque das Ondas – Recife – Pernambuco

Grupo Rochedo de Ouro – São Carlos –  São Paulo

Grupo Estrela do Sul – Curitiba – Paraná

Maracatu Baque do Vale – Taubaté – São Paulo

Nação do Maracatu Porto Rico – Recife – Pernambuco

Ps. Os grupos que já fazem parte do portal são: Maracatu Ilê Aláfia, Cia Porto de Luanda, Maracatu Bloco de Pedra, Cia Caracaxá e Maracatu Quiloa. Agora o portal passa a contar com 23 grupos e 1 Nação!

Ps2. Mais informações sobre o portal leia a carta de intenções.

Maracatu pra Tu

Num universo de batuques africanos, vozes abafadas e uma história de corte real surge um ritmo que, mesmo que você tente, não te deixa ficar parado.

Por Rogério de Lima – Fonte: www.ruadebaixo.com

O Brasil é formado por uma miscelânea incalculável de ritmos e expressões culturais. Musicalmente falando, o samba, que antes era chamado de rumba pelos norte-americanos, é um dos ritmos que mais se destacaram internacionalmente, principalmente na figura da portuguesinha super brasileira Carmen Miranda. Mas existem diversos outros ritmos, como abossa nova, o chorinho, o forró, o frevo, o côco, a tropicalha, a catira, o vanerão, a músicacaipira, enfim, uma infinidade de sons. Essa nossa forma de gestação fez crescer aqui uma barafunda étnica que nos diferencia justamente pelo jeito “miscigenado” de ser. E dentre tantas misturas, vou falar um pouco de um ritmo tipicamente brasileiro e, o que não posso deixar de dizer, tipicamente miscigenado: o Maracatu.

Mas pra falar do Maracatu é preciso antes explicar um pouco de como eram as festas celebradas no período colonial – 1500–1808. Naquela época, o Brasil era basicamente composto por índios, negros, jesuítas e portugueses. Para amenizar um pouco das tensões culturais e religiosas da época, adaptaram a história dos Reis Magos para representar cada um desses povos que aqui habitavam; O Rei Bronzeado representava os índios, o Rei Negro, os povos traficados da África, o Rei Branco, os portugueses e a história do nascimento de Jesus representando os Jesuítas, concepção que, se não for criativa, é, no mínimo, interessante. Dessa vertente, evoluíram outros movimentos que ainda estão vivos por aqui, como o bumba-meu-boi, cheganças e pastoris.

Entre as diversas manifestações negras que existiam no Brasil, o auto de Coroação do Rei do Congo, ou a Congada, fruto dessas primeiras cerimônias, era uma das poucas festas autorizadas pelos senhores coloniais portugueses do Estado do Pernambuco, em Recife (nordeste brasileiro). Ela reunia os valores tribais de Angola e do Congo às tradições Ibéricas. Tratava-se de uma procissão animada por danças, músicas e cantos que acabavam em frente à igreja do Rosário, santa adotada pelos povos africanos. Neste ponto, toda a corte e seus vassalos assistiam à coroação do Rei do Congo e da Rainha Ginga de Angola. Esta corte era representada por todos os estratos sociais existentes num castelo, tais como: o rei, a rainha, a dama de honra do rei e da rainha, o duque, a duquesa, o conde, a condessa, os vassalos, o porta-estandarte, o guarda coroa, o corneteiro, os batuqueiros, etc… Tudo isso, claro, encenado por negros. É desta manifestação que nasceram os primeiros vestígios do Maracatu que conhecemos.

Quando em 1888 foi assinada a Lei Áurea, instrumento político que libertou os negros da escravidão, o Maracatu perdeu gradualmente o caráter de cortejo e passou a fazer parte das festividades do carnaval, sem perder, é claro, o cunho religioso que, com a prerrogativa da abolição, passava a fazer livre menção aos deuses do panteão africano.

Essa manifestação se tornou tão importante para esses povos que, no entorno do Maracatu, os grupos passaram a se reunir para tratar de outros assuntos que não tinham a ver exclusivamente com a festa, e sim com os problemas sociais e cotidianos. Geralmente, a rainha que era coroada no cortejo também era a mãe de santo das vilas e sua autoridade – social e religiosa –  era respeitada não somente nas festas, mas durante todo o ano.  A esses grupos foi dado o nome de Nações ou Maracatu de Baque Virado. Existiram diversas nações em Recife como, por exemplo: Nação Elefante – fundada em 1800, Nação Leão Coroado de 1863, Nação Estrela Brilhante de 1910, Nação Indiano de 1949 e Nação Porto Rico do Oriente – fundada em 1967. Cada qual com sua filosofia, as nações desfilavam nos carnavais e disputavam para saber quem seria a melhor daquele ano.

As características sonoras do Maracatu

Alguns pesquisadores afirmam que o nome Maracatu era utilizado como senha para informar que policiais do reino estavam à espreita. A fonética da palavra “ma-ra-ca-tu” tem o mesmo ritmo dos baques do tambor “tá-tá-tá-tum”.

O batuque é formado pelos seguintes instrumentos percussivos:

A alfaia: Tambores feitos em madeira e com couro animal, responsável pelo som grave e pela marcação do ritmo;

Caixa: Tambores agudos, alguns feitos de madeira outros de metal. Geram o som de rufos e preenchem o espaço sonoro das alfaias;

Gonguê: Instrumento de metal em formato de sino;

Ganzá: Instrumento cilíndrico e oco com pedrinhas em seu interior;

Agbê: Uma cabaça envolvida por miçangas trançadas.

Outros objetos fazem parte da festa, tais como: o porta-estandarte, que carrega o emblema da nação, e a Calunga, uma grande boneca de cera que, de acordo com as tradições, carrega os poderes daquele grupo.

As toadas são os cantos. Ela sempre é invocada pelo Tirador de Loas – aquele que puxa o canto – e os demais integrantes respondem ao chamado.  Os cantos referenciam a corte, a religiosidade, as tradições da nação e os valores africanos.

Esse é um canto da Nação Estrela Brilhante onde os integrantes apenas repetem o canto do Tirador:

Olha a costa velha é nagô afã

Estrela Brilhante é nação germana

vejo que na Estrela tem um brilho sem igual

uma luz tão fagueira ilumina a corte real

Nesse outro canto, também da Estrela Brilhante, fica visível a influência da corte portuguesa na composição das toadas. Neste caso, os integrantes respondem aos chamados do Tirador:

[ T ] Dança rainha, vassalo e escravo / [ I ] todos lanceiros e a corte real

[ T ] toque o batuque no baque virado / [ I ] dama de passo escute o compasso

[ T ] vem meu rei, embaixador e princesa também catirina olhe o baque

[ I ] zuando é o Estrela que já vem chegando

* [ T ] – Tirador perguntando

[ I ] – Integrantes respondendo

Maracatu de Baque Solto ou Maracatu Rural

Maracatu de Baque Solto ou Maracatu Rural foi uma linha que nasceu na segunda metade do século XX, no interior do estado de Pernambuco, na região dos grandes canaviais.

Inicialmente, a festa era formada apenas por homens e não fazia referência à corte. Mais tarde, sob influência do Maracatu de Baque Virado, passou a aceitar as mulheres e até coroar reis e rainhas. A Valéria Alves, 24 anos, estudante de Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, a PUC, explica que “em alguns grupos, a mulher não pode fazer, em hipótese alguma, parte da percussão, restando para elas os cantos”.

Na formação, utilizam-se também muitos instrumentos de sopro, como clarinete, saxofone, trombone, corneta e pistão. Já na percussão ficam a zabumba e a cuíca. A marcação é muito mais rápida e constante que o Maracatu de Baque Virado. Os foliões, com uma indumentária que chega a pesar 30 kilos, dançam de maneira mais curvada, o que referencia a cultura do corte de cana, no momento em que as pessoas precisam se abaixar para cortá-la na raiz.

O maior representante do Maracatu Rural foi o Mestre Salustiano, falecido em 2008, que, em entrevista dada no I Encontro Sul-Americano de Culturas Populares, afirma que, “a (disseminação) da cultura sempre viveu na mão de gente sofrida e agora é que está sendo reconhecida”. Isso demonstra um pouco de como sobrevive essa modalidade de Maracatu. Apesar de recente, ela foi importantíssima na concepção de novas linguagens musicais. Com um baque mais acelerado, a inserção de outros elementos mais agressivos, como o Rock, fica mais orgânica. Hoje já são 12 mil integrantes, formando 108 grupos de Maracatu Rural, espalhados em Pernambuco.

As manifestações atuais

Atualmente existem diversas vertentes para o Maracatu. Há os que defendem que ele deve ser mantido inalterado, sem modificação de sua matriz histórica, e os que adaptam às diversas linguagens contemporâneas.

Um exemplo de adaptação foi o Mangue Beat, movimento nascido em Recife na década de 90. Liderado pelos artistas Chico Science, do Nação Zumbi, e Fred 04, do Mundo livre S/A, a música brasileira presenciou uma revolução que não via desde a tropicália. Existiam outros movimentos na cena, mas todos com os pés fincados na cultura norte-americana. O Mangue Beat quebrou os padrões ao se apropriar dos 4 por 4 gringos, inserindo neles elementos do Maracatu Rural que fora inspirado nos arranjos de Mestre Salustiano, e na cultura local de Recife, principalmente fazendo referência ao mangue, o ecossistema mais rico do planeta.

Vítima em 1997, aos 33 anos, de um acidente automobilístico, Chico Science deixou um legado cultural inestimável. Foi a partir do lançamento do seu primeiro álbum, “Da Lama ao Caos”, em 1993, que nada mais foi como antes na música. Ele viajou em turnê pela Europa e Estados Unidos e abriu o show do Gilberto Gil no central park.

O movimento esquentou tanto os ouvidos de quem há muito tempo procurava algo inovador que, daí por diante, Recife se abriu novamente para a cena musical. Ao lado de Chico Science, outros músicos como Oto, Mestre Ambrózio e Cordel do Fogo Encantado ainda movimentam públicos pelo mundo inteiro seguindo a mesma linha de misturar as sonoridades atuais com elementos da cultura raiz de Pernambuco, como o Maracatu, o côco e o frevo.

A figura de Chico foi tão importante para a música que, de 4 de fevereiro a 4 de abril de 2010, o Itaú Cultural – braço cultural de um banco brasileiro – promoveu em São Paulo uma mostra sobre a vida e obra do Idealizador do Mangue Beat. Entre vídeos, fotos e salas decoradas com temas relacionados à cultura pernambucana, foram realizados diversos debates. Em um deles esteve presente Beco Dranoff – produtor musical brasileiro que vive em Nova Iorque, Borkowski Akbar – produtor do festival alemão Heimatklange, que significa “sons da terra”, Fred 04 – já mencionado, Bill Bragin – diretor de programação do Lincoln Center, em Nova York, Carlos Eduardo Miranda – entusiasta da cena mangue e produtor musical em Porto Alegre, e Paulo André Pires – Parceiro, amigo e produtor musical de Chico Science. “A coisa foi tão boa que, 13 anos depois, estão fazendo debate sobre o que Chico e Fred 04 criaram”, explica Beco Dranoff, e finaliza: “o movimento contribuiu para que o mundo e o Brasil voltassem os olhos para a cultura popular de Recife”.

Seguindo uma linha tradicional, inclinados, direta ou indiretamente, pelo boom do Mangue Beat, nasceram outros grupos mais tradicionais a fim de resgatarem as linhas raiz do Maracatu de Baque Virado. Um destes grupos é o grupo Bloco de Pedra que, desde 2001, abre a escola pública Alves Cruz, no bairro do Sumaré, em São Paulo, para oficinas de construção de instrumentos e estudo de ritmos do Maracatu. Vanessa Cristina, 22 anos e Patrícia Ferreira, 23 anos, ex-integrantes do grupo, contam que no início eram poucas pessoas e que hoje são mais de 600 por ensaio. Elas alertam que os grupos em São Paulo não podem ser caracterizados como Nação, pois nesses trabalhos são explorados apenas os cantos e os ritmos.

Nessa busca pelos grupos em São Paulo, eu visitei o grupo Caracaxá, que faz suas oficinas abertas ao público, às quintas feiras, dentro da Universidade de São Paulo – USP. No dia da visita aconteceu algo bem interessante e que mostra como é o envolvimento das pessoas com oMaracatu, mesmo que fora de Recife.  Uma das integrantes, a Cybelle, veio a falecer, vítima de um câncer. Em função deste fatídico acontecimento, deixei a entrevista de lado e pedi autorização para apenas estar com eles neste ensaio, que seria feito em homenagem à Cybelle. Quebrando os padrões dos ensaios foi hasteado o estandarte e, apesar da dor, todos tocaram e cantaram as toadas com muito mais força, numa cerimônia quase ritualística. Isso mostra como o Maracatu, ainda que não seja vivenciado com todos os preceitos da Nação, cria um relacionamento muito forte entre os integrantes.

É comum que esses movimentos façam os arrastões (desfile) pelas avenidas paulistanas. No dia 29 de novembro do ano passado (2009), diversos grupos do estado de São Paulo tomaram as ruas do centro da cidade com seus tambores e mostraram o que é a cultura do Maracatu. As pessoas que passavam se encantavam com o cortejo das alfaias e das mulheres com suas saias rodadas e coloridas.  De mansinho, o arrastão levou o público em seu trajeto que começou e terminou no Largo do Paissandu, centro velho de São Paulo.

A repercussão desta cultura tipicamente brasileira é tão representativa que já existem grupos espalhados pelo mundo inteiro: o Baque Forte, em Berlin, o Brighton Maracatu, na Escócia, o Maracatu Estrela do Norte, em Londres, o Maracatu Nunca Antes, em Toronto,  Maracatu NY, em Nova Iorque, Nation Stern der Elbe,  em Hamburgo, Alemanha, e Maracatu Macaíba, em Nantes, na França.

De 2 a 4 de julho de 2010 ocorrerá o 4º Encontro Europeu de Maracatu. O evento de três dias ocorrerá em Paris e contará com a presença de mestres de Maracatu de todo o mundo.  Para participar do encontro organizado pelo grupo Maracatu Nação Oju Obu é preciso pagar uma taxa de 50 euros. As vagas são limitadas em 350 pessoas e em janeiro deste ano já contavam com 205 confirmados.

Maracatu é uma expressão tipicamente brasileira e a cada dia ganha mais adeptos no mundo. Nascida do sincretismo religioso, agrega em sua essência traços da cultura ibérica e dos afro-descendentes brasileiros. Fruto de nossa concepção miscigenada, ela se relaciona com todos os nossos arquétipos sociais e psicológicos. Talvez por isso ganhou tanta força e tanta expressão de brasilidade afro.

Meu nome é Rogério Lima, sou brasileiro, paulistano da gema, amo esse pedaço de fim de mundo cosmopolitano e passarei a corresponder sobre cultura brasileira para o site Ruadebaixo. Como bom canarinho, minha casa estará aberta para quem quiser saber um pouco mais sobre nós. De cá, chamo todos pra conhecer os daí. E assim está feita a troca! Até a próxima matéria.

Maracatu celebra seu bom momento em Pernambuco

Maracatu celebra seu bom momento em 2008
Matéria publicada originalmente no Jornal do Commercio – PE, por Eugênia Bezerra e Milena Times em 01/08/2008, referente ao dia do Maracatu e republicada no saite do Ministério da Cultura

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Mestre Luís de França, antigo Babalorixá e Mestre da Nação Leão Coroado

Pernambuco celebra 10 anos de Dia Estadual do Maracatu hoje.

A data, instituída em dezembro de 1997, marca o nascimento do lendário Mestre Luiz de França do Maracatu Leão Coroado, eleito Patrimônio Vivo de Pernambuco pela Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Para comemorar a data, haverá um cortejo de maracatus, com concentração em frente à Prefeitura de Olinda,  às 16h, além do Folclore na Vila 2008, organizado pelo Maracatu Nação Maracambuco.

Promovido pela Prefeitura de Olinda, junto com o grupo Cultural Maracatudo Camaleão e a Associação dos Maracatus de Olinda, o cortejo na cidade alta vai contar com o batuque dos grupos Leão Coroado, Estrela Brilhante de Igarassu, Porto Rico e Baque de Luanda. Já na sede do Maracambuco, localizada na Avenida Presidente Kenedy, 1228, a 7ª edição do Folclore na Vila trará apresentações dos grupos Capoeira Firenze, Balé Afro Raízes e Na Corda Bamba, às 18h.

Uma das mais antigas tradições da cultura popular do Estado, o maracatu também pode virar Patrimônio Imaterial Nacional. Depois do frevo e da Feira de Caruaru, a Fundarpe entregou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), em março deste ano, a solicitação de inclusão de mais quatro manifestações: o cavalo-marinho, o caboclinho, o maracatu rural e o maracatu nação.

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Maracatu Nação Estrela Brilhante do Recife - Rainha Marivalda

Sem prazo certo para a aprovação do título de registro, o maracatu vive o seu melhor momento. Nas décadas de 1950 e 1960, o maracatu nação obteve certa aceitação social, como componente da nossa tradição africana, reforçando o mito da democracia racial. O maracatu rural, por outro lado, era considerado uma descaracterização do modelo tradicional, chegando a ser a ser proibido de desfilar na passarela oficial no Carnaval de 1976. Se até os anos 80 não mais que sete grupos desfilavam, atualmente existem mais de 30 grupos de maracatus nação filiados à Federação Carnavalesca e pelo menos 20 disputaram o concurso de agremiações nos últimos anos.

O resgate do maracatu começou com o Balé Popular do Recife, que o estilizou e ó levou em seus espetáculos a vários países, e depois com o Maracatu Nação Pernambuco, incorporando integrantes da classe média. Valorizado pela mesma sociedade que o rejeitava, a visibilidade e o sucesso do maracatu é, em grande parte, resultado de seu resgate pelo movimento Mangue Beat, nos anos 90, tendo como principal lanceiro Chico Science com a Nação Zumbi. Quase equivalente ao frevo em termos de símbolo da nossa cultura, o maracatu ressuscitou e saiu do purismo da tradição, sendo abraçado por diversas vertentes.

Além dos mangueboys, artistas como o músico Siba Veloso e Mestre Salu, entre outros, fizeram o maracatu ser (re)conhecido pelo Brasil e chegar aos ouvidos de um público que, há poucos anos, não se imaginaria dançando um ritmo como esse.

O maracatu tornou-se influência para bandas de outros estados, como a Maracatu Vigna Vulgaris (CE) e para a formação de diversos grupos fora das fronteiras pernambucanas, como o Rio Maracatu (RJ), o Maracatu Lua Nova (MG) e o Bloco de Pedra (SP). Até em outros países já surgiram grupos formados por músicos que se encantaram com o som das alfaias, como é o caso do Maracatu New York e o Nation Beat (EUA) e Block Vomit (da Escócia).

Maracatu Bloco de Pedra, de São Paulo (Foto: Ernani Baraldi)

Maracatu Bloco de Pedra, de São Paulo (Foto: Ernani Baraldi)

O registro mais remoto sobre o maracatu data de 1711 e fala de uma apresentação artística que compreendia teatro, música e dança. Atualmente, o maracatu tradicional pode ser dividido em duas manifestações culturais diferentes, de acordo não apenas com o ritmo, mas também com a indumentária. O maracatu de baque virado ou maracatu nação tem origem nas congadas, manifestação permitida pelos senhores de escravos aos negros, que a elegiam seus reis e rainhas. Já o maracatu de baque solto ou rural, se distingue pela ausência do rei, sendo seu personagem mais emblemático o caboclo de lança.

Fonte: www.cultura.gov.br